Category: Fragments


  • Rosa X

    Rosa X

    Hoje beijou-me a Rainha de Copas.É sempre ela,No seu cálice de oiroProstrada de um jeito seu, Numa galhofa secreta e cúmplice de amor. Quem a vê não antevê o segredo. Rapunzel de olhos claros, Cabelos soltos ao vento como fogo acobreado, Lúcida num mar raso. Beijo-lhe os pés em devoção, Atiro-me para os seus braços…

  • Rosa IX

    Rosa IX

    A artéria crepuscular que irrompe as fibras moleculares de um pálido outono exangue. São as imagens da Capadócia que aventam um final triste, lôbrego lodo de um canal fortuito que se esvai. Sinos tombam na ressaca de uma festa, no rouco tinir dos jograis. Lâmpadas de petróleo queimadas vivas como peças obtusas de um jogo…

  • Rosa VIII

    Rosa VIII

    Venâncio foi um guerrilheiro que se encontrava perdido nas sombras de Tomar. Comprava pequenos mísseis para fazer como artesanato durante os lanches. Ria-se dos micróbios que se acumulavam nas suas refeições floridas. Por entre tantos outros militares que se acumulavam no quartel era ele quem sorria mais, quem era conhecido pela sua delicadeza monumental, por…

  • Rosa VII

    Rosa VII

    As sinfonias violeta de Gusmão Peres compunham-se com traves-mestras, encimadas por dezenas de orquestrações bélicas que encaixavam belas nos baques e zurzidos do chão de flanela onde ensaiava. Tinha por hábito transportar consigo pequenos livrinhos com ensinamentos proféticos, onde cabiam centenas de dizeres, dichotes e aforismas vários dos maiores pensadores contemporâneos. Pasmava-se com as obras…

  • Rosa V

    Rosa V

    Os meus filhos morreram apedrejados por entre os mares esverdeados de Urak. Os meus lençóis tombaram ricos como punhais de lodo em mares silvados, nodos de morte e zelo. Os meus pais lançaram-se às aguas como peixes alados que tombavam ao longe de medo. Os meus doentes agrilhoaram-se às correntes de sebo que deles brotava…

  • Rosa IV

    Rosa IV

    Vivia escondido num pequeno prédio de seis andares na Portela. Tinha por hábito comprar uma série de revistas com quadradinhos brancos onde escrevinhava em várias línguas. O que o mais incomodava era saber que tinha ali uma série de coisas encravadas na língua, onde se lhe abriam os prazeres de uma vida encimada por névoas…

  • Rosa 0

    Rosa 0

    Havia uma curta esquina com vista para o alpendre. Bernardo entoava baixinho uma cantilena que havia aprendido com a avó em pequeno. Não sabia o nome, cantava por cantar no entreposto de chuva e neve naquela tarde de Fevereiro, onde corria uma marcha fúnebre. Nos olhos do morto haviam colocado duas pedrinhas cor de esmeralda,…

  • The Sun in Cancer and the Dodecatemoria: Maternal Light in Traditional Astrology

    If interested in a personal liturgy and birth chart reading, please consult this portal. As the Sun transits through Cancer, the ancient science of the stars draws the attentive mind beyond the surface of solar movement, inviting reflection on the hidden depths beneath the visible heavens. In the veiled walls of traditional astrology, few techniques…

  • Archangel Michael: The Lion Psychopomp of the Eastern Gate

    Throughout the labyrinth of mystical traditions, the figure of the psychopomp emerges with a gravity that transcends mere mythic utility. Rooted in the language of passage, the psychopomp is a bridge; one who guides souls across the perilous frontiers between worlds. In the secret liturgies of the ancients, this figure does not just open doors…

  • Oholah and Oholibah: Redeeming the Feminine in Ezekiel

    The Book of Ezekiel sits among the wildest precincts of Sacred scripture; a temple of riddles, a furnace of vision, a monument to the soul’s estrangement and the anguish of the city. Every line carries the scent of exile and fire; the prophet speaks from the shattered threshold, when nothing of the old world remains…