A artéria crepuscular que irrompe as fibras moleculares de um pálido outono exangue. São as imagens da Capadócia que aventam um final triste, lôbrego lodo de um canal fortuito que se esvai. Sinos tombam na ressaca de uma festa, no rouco tinir dos jograis. Lâmpadas de petróleo queimadas vivas como peças obtusas de um jogo silencioso entre profetas, quintais-relâmpago sem senhor. Escuta-se o ventre amargo de uma flor em brasa, machado vivo que a corta pelo caule. O desânimo corrente de um caudal desnudo, cobra peçonhenta recobrada d’oiro falso. As pedras tumulares indicam restos mortais enlutados de mentira. Oiro também ele esquecido numa gaveta insalubre onde caminham bafientos os fantasmas. A paz que se ouve ao longe é naturalmente falsa, incapaz de responder às sesmarias que por ela chamam. Desço numa guinada para que se ouça a verdade, para que se aprenda de uma vez por todas a distinguir a verdade da mentira, para que o ramo verde seja quebrado por fora, para que o sangue se sinta pulsar por dentro. Então esses mesmos jograis tombarão mudos como tordos, sentir-se-ão soltos da vida, enfim, suspensos num ladrar furioso que lhes vaticinará o dorso castanho. Pelo de feltro composto, seráfico, solto de o esmalte fétido que os encarde. E o peso se levantará dos ecuménicos, libertando-os de um tonitruante e servil ladrar. Cairão nefastos os seus esgares tumulares, defuntos. Sabeis quem sois, miseráveis homens.
Os mastros recolhidos darão lugar ao fausto casebre d’outono, onde se ouvirão as cobras doiradas em repasto. Tapetes louros que se abrirão em flor.