Nas pétalas de Ourique.
O pandemónio que se instalou nos beirais em flor,
Peças tombadas num majestoso doce-pérola matinal.
As luxuosas florestas verdes,
Arredondas como um coração morto à nascença,
Trombas d’água soltas pelo rio adiante,
A graça de um jasmim pisado à nascença.
Os jugos setembrais numa carroça vã,
Os loucos de quimeras por fazer
Que se adiantaram no silêncio sepulcral dos lordes além-mar
Que por ali ficaram endireitados,
Atirados num palácio de vime, óleo
E artesanato puro de redenção.
Os monstros cadavéricos de Leiria,
Os antigos postos de controlo onde tudo se sabia,
Sem nada dizer, sem nada saber, por decreto superior.
O lixo arredondado, o Mar Cáspio solto
Como uma enorme pedra enfraquecida pelo tempo de outrora
Quando se costuravam camisas com golas,
Camisas de seda múltiplas que se espalhavam
Nos montes com agudeza, com aspereza,
Com a certeza de que outros amanhãs cantariam por certo.
E os filhos guilhotinados pelo medo constante,
O desprezo de servir constante forças neutras
Sem alvo consciente.
Os mundos que assim ficaram ruíram de forma
Premente e este também ruirá sem tração,
Sem motor, sem combate certo, por beneplácito dominante,
Sem trégua, desgraça mefistofélica que assim parte em dois,
Sem saber qual a metade certa.
Os livros de terceiro ano que ali ficaram,
Os guaches perdidos,
As lendas por escutar,
Os tons roxos por carpir.