Estou em debalde de mim mesmo.
Atavio-me por caminhos estreitos
que vão dar a lugar algum que se cisme.
Entrego-me às algemas de uma poesia muda,
Que me chega do outro lado da parede
Onde mora um Deus de peito afã
E suas fundições amaradas.
Tenho trigo quente que me pulsa no bolso
Como um relógio de cordão
Que se dá aos marinheiros mais estultos.
Faço a tabuada dos nove
Em jeito de prece taciturna
E espero que o carteiro passe à noite
Para me levar os versos.
Escondo-os em caderninhos de montanhês
E depois levo-os a admirar os penhascos
Onde cresce uma vegetação rasa.
Vassalo-me em troca de Luz
Para proteger da sombra
Que ao longe me aparece de esquadro andante,
De ângulos retos para me aparar as dobradiças e o pulso.
Maldita seja a hora em que me surges
Como danada prima de sangue
E a ti não te dou mais
Do que o desbarato e ígneo desprezo!
Anda daqui para a fora
Com o teu novilúnio assarapantado
Que me teima em zurzir aos ouvidos,
Que eu a outra espero nos entretantos,
Remoendo nesta escrevinha
Com dossel encarnado.