Nas barbearias de Sintra conheciam-se fedelhos com trejeitos de adulto. Vestiam farda de mecânicos ensonados pelo tempo. Tinham beiças de mouriscos e pediam de tudo um pouco: pratos de lentilhas, centeio enegrecido pelo bairro amolado, moelas esfareladas de animais quilhados pela roldana baça que tudo desfazia. As labaredas mornas do fogão vertiam um líquido sanguinolento que exalava o podre da taberna calcinada pelo sol incandescente. Fervilhava ali um baque atónito de almas perdidas, girando eternamente ao luar secreto de qualquer outra coisa, luminária descendente que afiava a faca sem parar.