Rosa XVII

Rosa XVII

Sou guerrilheiro de pavio curto, traço dois brancos cavalos ao luar e aguardo por eles na porta. Debaixo do umbral teço pequenos contos de um amor ensanguentado que agora se cruzam comigo mesmo pelas costas, ao largo de uma península esquecida pelos deuses. Trago-me em lentas passadas, arrastando-me como um evangelho sinóptico arrancado ao deserto pela força do mar. Aninho-me a teu lado para que me dites o mundo, bocadinho a bocadinho, mordida a mordida. Sei quem tu és sem nunca te ter visto, fantasmagoria de um sonho desmentido por tantos, mas que apenas precisa de um crente para viver.