Rosa XXVI

Rosa XXVI

Os montes estremunhados onde Isabel se sentava eram claros como o ventre humano ao nascer. Raiava ali o sol como mestre imponente de verdades cruas exigidas aos príncipes de planícies ocultas que ficavam para lá desses verdeados e trigosos escaparates. O rubor que se espalhava pela sua pele emudecia-se à chegada ao pescoço, voltando a descer num movimento perpétuo entre alvura e vermelhidão. Os braços dengosos alvoriçavam-se com o voo quebrado de aves negras que se precipitavam em horizontes calafetados por um azul baço, onde os próprios olhos se perdiam de vez. As barcaças miseráveis que por lá davam à costa traziam sacas de um sal espesso e moribundo, ele mesmo abrutalhado pela maneira de ser daquelas ímpias terras onde de tudo florescia menos água limpa com que se enchesse os cântaros de barro mordente. As gentes esquadrinhavam-se numa pobreza atroz, rasgadas pela força agreste de um vento incessante que arrastava jornais pela orla marítima.